Drones ucranianos de longo alcance, montados em fábricas de móveis desativadas, desafiam as defesas russas e causam danos significativos em alvos estratégicos, com ajuda de softwares desenvolvidos por empresas ocidentais.
A Ucrânia tem intensificado seus ataques de drones de longo alcance contra alvos estratégicos dentro da Rússia, utilizando tecnologia e financiamento ocidentais. Esses ataques, que visam bases aéreas, depósitos de munição e centros de comando, estão gerando dilemas significativos para Moscou.
Apesar da relutância dos aliados da OTAN em fornecer munições ocidentais para esses ataques, por medo de escalada no conflito, a Ucrânia tem encontrado maneiras inovadoras de contornar essa limitação.
Empresas ucranianas, como a Terminal Autonomy, estão produzindo centenas de drones de ataque unidirecionais a cada mês, a um custo muito inferior ao de drones semelhantes produzidos no Ocidente.
Esses drones, fabricados em antigas fábricas de móveis, são montados com materiais simples, como madeira, e têm se mostrado altamente eficazes em causar danos econômicos e militares à Rússia.
A Terminal Autonomy, cofundada por Francisco Serra-Martins, um ex-engenheiro do Exército Australiano, está no centro dessa produção. A empresa fabrica drones como o AQ400 Scythe, com alcance de até 750 km, e o AQ100 Bayonet, que pode voar algumas centenas de quilômetros.
Esses drones baratos são montados em menos de uma hora e equipados com sistemas eletrônicos, motores e explosivos, sendo descritos pelo cofundador como “basicamente móveis voadores montados como em uma loja de móveis sueca”.
Além dos drones, a Ucrânia tem contado com o apoio de empresas de tecnologia ocidentais, como a Palantir, que desenvolveu software para planejar os ataques de drones de longa distância.
O programa mapeia as defesas aéreas russas, identificando as melhores rotas para os drones evitarem radares e sistemas de guerra eletrônica russos. A Palantir, embora não participe diretamente das missões, tem treinado mais de mil ucranianos para usar sua tecnologia.
Apesar dos avanços, as missões não são infalíveis. Estima-se que apenas 10% dos drones enviados atingem seus alvos, com muitos sendo abatidos pelas defesas aéreas russas ou até mesmo pelo fogo amigo ucraniano.
No entanto, o volume de ataques tem sobrecarregado as defesas russas, forçando a relocação de aeronaves e a diminuição da frequência dos ataques russos.
A estratégia ucraniana de usar drones baratos para atacar alvos valiosos tem mostrado resultados.
O custo de um drone, em torno de alguns milhares de dólares, é irrisório em comparação ao preço de mais de um milhão de dólares de um míssil de defesa aérea russo utilizado para derrubá-lo.
Esse desequilíbrio de custo tem se mostrado eficaz em enfraquecer a capacidade de defesa da Rússia.
Apesar das reservas dos aliados ocidentais em fornecer armas de longo alcance, a Ucrânia continua a confiar em seus próprios esforços, acreditando que trazer a guerra para o território russo é uma chave para a vitória.
Empresas ucranianas já estão desenvolvendo novos mísseis de cruzeiro a um custo significativamente menor do que as versões ocidentais, demonstrando a determinação em intensificar os ataques e explorar as vulnerabilidades russas.
Com informações de BBC