Dois satélites chineses alcançam órbita lunar apesar de falha no lançamento que quase comprometeu toda a missão espacial do país

Após enfrentar uma falha no lançamento, que deixou as espaçonaves em órbita baixa terrestre, a China conseguiu salvar a missão e demonstrar sua resiliência e capacidades crescentes no espaço profundo

Dois satélites chineses, identificados como DRO-A e DRO-B, conseguiram alcançar com sucesso as órbitas lunares designadas, apesar de um contratempo inicial durante o lançamento, que quase comprometeu a missão. As espaçonaves, parte de um projeto piloto da Academia Chinesa de Ciências (CAS), foram lançadas em março, mas enfrentaram dificuldades devido a uma falha no estágio superior do foguete Longa Marcha 2C, que as deixou presas em órbita baixa da Terra.

De acordo com uma apresentação do Centro de Tecnologia e Engenharia para a Utilização do Espaço (CSU), os satélites DRO-A, DRO-B e DRO-L, este último em órbita baixa da Terra, estão atualmente em operação estável e funcionando conforme o esperado. O sucesso da recuperação desses satélites, se confirmado, fortalecerá as capacidades chinesas de operar em missões de espaço profundo, demonstrando a capacidade do país de superar desafios em órbita.

A missão dos satélites DRO-A e DRO-B, embora não seja crítica para os planos lunares imediatos da China, tem um papel significativo em testar tecnologias de navegação e comunicação que podem apoiar futuras explorações lunares. As órbitas retrógradas distantes (DROs), onde os satélites estão agora, são caracterizadas por serem estáveis e orbitarem a Lua na direção oposta à sua rotação, a grandes distâncias.

Após a falha inicial no lançamento, que impediu os satélites de atingir a órbita planejada, a equipe chinesa de operações espaciais iniciou esforços de resgate utilizando a propulsão das próprias espaçonaves para elevar suas órbitas e colocá-las no caminho certo em direção à Lua. Embora essa manobra tenha consumido mais combustível do que o previsto, o que pode impactar a duração e os objetivos planejados da missão, ela foi essencial para o sucesso do resgate.

A recuperação da missão DRO-A/B também levanta questões sobre a transparência nas operações espaciais, especialmente em missões que envolvem a Lua ou o espaço profundo. Especialistas, como o astrofísico Jonathan McDowell, argumentam que é necessário mais transparência nos lançamentos espaciais além da órbita terrestre, em conformidade com convenções e resoluções da ONU.

À medida que tanto a China quanto os Estados Unidos lideram esforços multinacionais distintos para estabelecer uma presença sustentável na Lua, com o ILRS e o programa Artemis, respectivamente, a crescente atividade no espaço profundo reforça a necessidade de uma melhor conscientização situacional e governança internacional. Em 2024, já foram realizadas cinco missões à Lua, das quais três são chinesas, destacando a crescente competição e colaboração no espaço lunar.

Com informações de SpaceNews